_Por que você escreve assim?
_Assim como?
_Assim, ora, como você escreve!?
_Não estou entendendo!?
_Vou explicar melhor então: eu escrevo a s s i m, se p ar and o as le t ra s e você escreve assim, sempararescrevediretoedepoiscolocaosacentosquetemquecolocar.
_Ora, que eu me lembre sempreescreviassimecomaletratortinhaparaoladodireito.
_Você tem a letra bonita! E além de bonita, escreve certinho.
_Certinho como? Aiaiai...
_Com acentos, pontos e hífens... Na verdade você escreve como todos deveriam escrever.
_Obrigada! (rs!)
_Você deve ler muito, né?!
_Ah, leio sim. Leio até na hora do banho, no momento em que estou lavando o cabelo aproveito o tempo para ler o rótulo. É mania. Pode até ser loucura... Por falar em tempo, ontem conversei com uma pessoa sobre isso: o tempo. O tempo é um artigo de luxo, porque ninguém mais o tem. A gente acorda correndo e deita correndo. Ah, e ainda não temos tempo para nada, principalmente para o lazer.
_É verdade...
_E por que você usa lápis?
_Não uso lápis, uso lapiseira 0.7! (rs!) (yes!)
_Engraçadinha! Você entendeu o que eu quis dizer!
_Eu gosto de lápis, lapiseira e borracha. Caneta uso no trabalho o dia todo, a letra não fica tão bonita e caso erre não tem jeito, tem que usar o cocozinho de pombo.
_Que? (rs!)
_É... o meu patrão chama esses corretivos de coco de pombo...
_Parece mesmo!
_Então, a lápis não há problema... se tem borracha é só apagar. Escrevo a lápis porque dá para apagar e também porque a letra fica mais bonita, só por isso.
_Ah, tá...
_Interessante isso.
_Que?
_Conversar sobre NADA, jogar conversa fora...
_Mas para mim, nós não falamos sobre NADA, falamos sobre TUDO. Nunca uma conversa é perdida, seja um simples ola, como vai? no ponto de onibus ou uma conversa profunda.
_É, talvez... pelo menos ficamos conversando... trocando idéias... do NADA...
_Você é professora?
_Não? Por que?
_Fez magistério?
_Fiz magistério sim, por quê?
_Está explicado.
_O que?
_O jeito que você escreve...
_?
_Você escreve como a minha professora escrevia...