quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

guerreira

e lá fomos nós: eu, o reginaldo, o ednaldo e o paulo.
enquanto íamos fiquei pensando na minha vida. é... por que não? pensei que vários anos passei como dentro de um carro, como passageira no banco de trás, vendo somente as paisagens laterais correndo, não via o que estava diante de mim. talvez até tenha visto algo na minha frente como um banco do motorista com o motorista sentado.
e durante o treino também fiquei pensando na maneira como lutara todo esse tempo, porque descobri que o tae kwon do é a história da minha vida. isso, cheia de quedas, de inchaços e hematomas que mudam de cor constantemente. às vezes chuto um cotovelo, às vezes defendo com a mão aberta, caio, levanto, caio de novo, escorrego...
descobri que devo olhar a vida nos olhos, como no tae kwon do. e como isso é difícil. encarar a vida, olhar no profundo dos olhos do adversário a tal ponto de se ver dentro do olhar dele é complicado. a vida é complicada. encarar a vida é utópico... isso, todo esse tempo minha vida foi pura utopia...
já está na hora de acordar e viver...
viver mesmo sem medo do mundo que tenta a todo tempo me engolir.
e se me engolir, me engolirá com uma puta alegria no peito e com mais ânsia ainda de viver.
Deus me quer assim, lutadora e guerreira.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

calejando a barriga...

ontem teve treino e pensei muito, muito mesmo em ficar até o final. porque ontem foi dia de calejar a barriga e, eu que pensava que nunca ia aguentar alguém chutando minha barriga. claro que estava com protetor de tórax, mas mesmo assim, dava pra sentir porque os meninos chutam forte. sei que alguns deles até chutavam devagar porque sou uma lady, certo? mas o ednaldo, não tive dó nem piedade, 4 chutes que ele me deu e já joguei a toalha. ah, e tudo é tecnica: você contrai a barriga e quando recebe o chute você solta um kirab bem forte; agora eu entendo porque o bruce lee gritava tanto. rs!
queria ter ficado até o final, mas devido à forças maiores, fui no mesmo horário de sempre de todas as terças-feiras.
mas valeu ter ido embora, porque teve adoração no abastecimento...
ahhhhhhhh, eu estou cada dia mais apaixonada por Jesus Cristo e só tenho que agradecer todas as mudanças que tenho tido, algumas até radicais. Obrigada, Meu Deus, por confiar toda aquela galera, todos aqueles jovens à mim e ao Marquinhos. Deus é louco mesmo em confiar tanto assim na gente....
ah, li uma coisa linda: http://sintesedoconteudo.blogspot.com/ . fala sobre a fé, se alguém entrar aqui e ver esse link entra e dá uma lida nesse bolg, que é muito bom.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

providência isso sim...

Ontem, subindo para a academia, ia rezando o meu terço que quase nunca dá tempo de rezar e pedia: _ Senhor, toma conta dos meus amigos, todos. Do trabalho, da rcc, da academia. E ia dizendo: _ Pela sua dolorosa paixao, tende misericor.... ai na esquina cruzei com um amigo da academia que me disse: _ Você deu sorte, porque eu não passo por aqui. Voc tava rezando, né? E eu respondi que sim. E ele: _ é, e tem gente que não acredita nessas coisas. Para você pode ser coinscidência, eu prefiro chamar de providência.
Saí da academia lá pelas 8:45, e até me ofereceram carona, mas não aceitei e indo embora, fui ficando com medo, e eu não tenho medo de andar sozinha, pelo contrário, amo a solidão, de ficar reparando nos detalhes que na correria não vejo, mas algo me apertava o coração. Eu ia andando e olhando pra traz. Desci na rua Senador Joaquim Miguel, e estava tudo escuro, nunca tinha reparado como essa rua é escura, e algo me fez virar na Getulio Vargas, que estava deserta porém mais clara; virei na Silva Jardim e cruzei na esquina com um amigo meu que há muito não nos falávamos e ele me acompanhou até em casa.Pra voc pode ser coinscidência, eu prefiro chamar de providência...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

olha ela aí...



é.... mais ou menos assim!!!

da faixa amarela...

... para a amarela ponta verde.
como já havia dito pro meu amigo anderson, lutar não é o meu forte, eu amo as formas, os movimentos perfeitos.
segue o resultado do treino de onte:
~> dedo indicador machucado - defesa com a mão aberta;
~> perna machucada - chutei o cotovelo da ari;
~> pulso roxo - defesa correta, porém direto no dedão da ari;
~> quase um chute no rosto - pude até sentir o dedo do pé da ari raspando a minha boca... e eu uso aparelho! imagina o estrago que seria se tivesse pego em cheio!
~> fui... - parar na parede com a ajuda do ednaldo.
~> mas, dedinho roxo, machucado está inteiraço.
rs!!! era ele que eu estava protegendo!!! é, porque a dor que senti ao bate-lo foi algo inexplicável, inexprimível, inconcebível, inimaginável...
coisas que eu não entendo:
~> sa bo nim falando português já é dificil de entender(ele fala baixo, fala depressa demais) coreano então... imagina a minha agonia. e olha que eu tento entender.
Gí: _Sa bo nim, qual o nome desse movimento?
Sa bo nim: _ é an sona#%°£¹°...
Gí: _como?
Sa bo nim: _ an sonal............................................
Gí: _a tá. (com cara de quem entendeu e ar de riso!)
~> eu sou melancólica e sanguínea, mas o meu lado sanguíneo quase sempre, digamos 70%, sempre fala mais alto. Portanto, eu não consigo ficar muito tempo parada que aí qualquer coisinha me chama a atenção. o sa bo nim, no final da aula estava contando umas histórias que até são interessantes mas aí, eu notei um carrapato, isso mesmo um carrapato pequeninho subindo pelo meu pé. e aí, nem lembro mais do que ele estava falando... nesses momentos em que ele contas as histórias dele, eu viajo quase sempre, porque ele sempre fica dando replay.
é um pouco culpa minha, sou pouco relapsa com as pessoas e com os seus assuntos.
mas, sinceramente, quando eu peguei a faixa amarela foi mais emocionante e ontem eu nãoe stava mui bem, obrigada!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

a propósito...

fim do mundo esse bbb... putz!!! como tem gente - minha mãe, por exemplo - que perde tempo em assistir aquilo.
sabe, se eu fosse para lá, eu seria exluida rapidinho. por que? ora, porque eu ia ficar o dia todo de pijama, só iria para a piscina quando não tivesse sol, não faria exercicio nenhum e passaria a maior parte do tempo dentro do quarto, sozinha e dormindo. só por isso.
ontem, ainda perdi um tempinho em frente a tv esperando o dorflex fazer efeito - post abaixo - e vendo cada um que está indicado para o paredão se manisfestar e aí tem a tal maquina da verdade ou será mentira? o primeiro eu não vi, mas os outros... era um tal de mentira, impreciso, estresse... claro que tinha o tal da verdade. sei lá, cada um é cada um, mas para mim é um cambada de gente a toa se matando por din din (quanto é o premio?)
é, mas pelo menos um será o cambada mais sortudo do mundo... hehehe...
ganha quem enganar, quem passar por cima dos outros "amigos brothers".
amigo???
brothers???
nemmmmmmmmmmmmmmmmmm

ronaldo fenômeno


é, eu machuquei o pé, ou melhor dizendo, o "dedim minguinho".
pqp!!! que dor quase insuportável, viu....
agora, ele está todo roxo, o anderson disse que ele deve estar trincado...
na hora da dor, a primeira coisa que pensei foi: putz!!! e o tkd??? vou mudar de faixa de que jeito???
sinceramente, me senti como o ronaldo fenômeno...

... que por sinal sem cabelo já não era lindo, com cabelo então....
ronaldo fenômeno: o novo fenômeno do mullet!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

chuva

lá fora está chovendo muito forte e eu aqui embaixo parada, só olhando e sabendo que a janela está aberta e que está molhando tudo lá em cima.
e...
a chuva me dominou.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

CE...

... ou melhor,
crises existenciais e ponto.
engraçado pensar que quando se tem 17 anos temos crises existenciais; é triste ter a certeza de que aos 31 essas crises ainda existam e façam parte da vida.
adivinha?
hoje eu estou assim: em crise.
sempre tenho desculpas pelas crises existenciais que tenho:
* o tempo cinza;
* a chuva;
* o trabalho;
* a família;
* a falta de dinheiro;
* falta de namorado.
eita vidinha mais ou menos a minha.
é difícil ser feliz sempre, disso eu sei.
ps¹. estou precisando de um namorado bem gostosão para dar uns amassos quando necessário! rs!
que vontade de chorar!!!
que vontade de gritar!!!
putz, essa carência está me matando... ah, dá um abraço, vai!

...

hoje aqui está pior que ontem...
cansaço, desânimo do trabalho, sabe. nem parece que estava de férias...
mas, acho que é isso, já cansei disso aqui, o que tinha que dar já deu... ou melhor, não deu nada.
talvez seja os meus últimos cinco anos mais perdidos da vida.
às vezes, sinto saudades da minha embriagues, do tempo em que eu bebia dia e noite... hehehe... e era uma mera espectadora vendo o mundo passar.
agora, que deixei a platéia e subi no palco tudo mudou. será que é consequência do destino ou a teoria do caos se fazendo presente na minha vida?

ps¹: agora, descobri mais uma paixão: vozes! Ouvindo Colbie Caillat.... bubbly

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

o tal do rosa...

A Terceira Margem do Rio - Guimarães Rosa

Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente — minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arqueada em rijo, própria para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito contra a idéia. Seria que, ele, que nessas artes não vadiava, se ia propor agora para pescarias e caçadas? Nosso pai nada não dizia. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou pronta.Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez a alguma recomendação. Nossa mãe, a gente achou que ela ia esbravejar, mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: — "Cê vai, ocê fique, você nunca volte!" Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me acenando de vir também, por uns passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. O rumo daquilo me animava, chega que um propósito perguntei: — "Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?" Ele só retornou o olhar em mim, e me botou a bênção, com gesto me mandando para trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber. Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo — a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa.Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhuma parte. Só executava a invenção de se permanecer naqueles espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa, para dela não saltar, nunca mais. A estranheza dessa verdade deu para. estarrecer de todo a gente. Aquilo que não havia, acontecia. Os parentes, vizinhos e conhecidos nossos, se reuniram, tomaram juntamente conselho.Nossa mãe, vergonhosa, se portou com muita cordura; por isso, todos pensaram de nosso pai a razão em que não queriam falar: doideira. Só uns achavam o entanto de poder também ser pagamento de promessa; ou que, nosso pai, quem sabe, por escrúpulo de estar com alguma feia doença, que seja, a lepra, se desertava para outra sina de existir, perto e longe de sua família dele. As vozes das notícias se dando pelas certas pessoas — passadores, moradores das beiras, até do afastado da outra banda — descrevendo que nosso pai nunca se surgia a tomar terra, em ponto nem canto, de dia nem de noite, da forma como cursava no rio, solto solitariamente. Então, pois, nossa mãe e os aparentados nossos, assentaram: que o mantimento que tivesse, ocultado na canoa, se gastava; e, ele, ou desembarcava e viajava s'embora, para jamais, o que ao menos se condizia mais correto, ou se arrependia, por uma vez, para casa.No que num engano. Eu mesmo cumpria de trazer para ele, cada dia, um tanto de comida furtada: a idéia que senti, logo na primeira noite, quando o pessoal nosso experimentou de acender fogueiras em beirada do rio, enquanto que, no alumiado delas, se rezava e se chamava. Depois, no seguinte, apareci, com rapadura, broa de pão, cacho de bananas. Enxerguei nosso pai, no enfim de uma hora, tão custosa para sobrevir: só assim, ele no ao-longe, sentado no fundo da canoa, suspendida no liso do rio. Me viu, não remou para cá, não fez sinal. Mostrei o de comer, depositei num oco de pedra do barranco, a salvo de bicho mexer e a seco de chuva e orvalho. Isso, que fiz, e refiz, sempre, tempos a fora. Surpresa que mais tarde tive: que nossa mãe sabia desse meu encargo, só se encobrindo de não saber; ela mesma deixava, facilitado, sobra de coisas, para o meu conseguir. Nossa mãe muito não se demonstrava.Mandou vir o tio nosso, irmão dela, para auxiliar na fazenda e nos negócios. Mandou vir o mestre, para nós, os meninos. Incumbiu ao padre que um dia se revestisse, em praia de margem, para esconjurar e clamar a nosso pai o 'dever de desistir da tristonha teima. De outra, por arranjo dela, para medo, vieram os dois soldados. Tudo o que não valeu de nada. Nosso pai passava ao largo, avistado ou diluso, cruzando na canoa, sem deixar ninguém se chegar à pega ou à fala. Mesmo quando foi, não faz muito, dos homens do jornal, que trouxeram a lancha e tencionavam tirar retrato dele, não venceram: nosso pai se desaparecia para a outra banda, aproava a canoa no brejão, de léguas, que há, por entre juncos e mato, e só ele conhecesse, a palmos, a escuridão, daquele.A gente teve de se acostumar com aquilo. Às penas, que, com aquilo, a gente mesmo nunca se acostumou, em si, na verdade. Tiro por mim, que, no que queria, e no que não queria, só com nosso pai me achava: assunto que jogava para trás meus pensamentos. O severo que era, de não se entender, de maneira nenhuma, como ele agüentava. De dia e de noite, com sol ou aguaceiros, calor, sereno, e nas friagens terríveis de meio-do-ano, sem arrumo, só com o chapéu velho na cabeça, por todas as semanas, e meses, e os anos — sem fazer conta do se-ir do viver. Não pojava em nenhuma das duas beiras, nem nas ilhas e croas do rio, não pisou mais em chão nem capim. Por certo, ao menos, que, para dormir seu tanto, ele fizesse amarração da canoa, em alguma ponta-de-ilha, no esconso. Mas não armava um foguinho em praia, nem dispunha de sua luz feita, nunca mais riscou um fósforo. O que consumia de comer, era só um quase; mesmo do que a gente depositava, no entre as raízes da gameleira, ou na lapinha de pedra do barranco, ele recolhia pouco, nem o bastável. Não adoecia? E a constante força dos braços, para ter tento na canoa, resistido, mesmo na demasia das enchentes, no subimento, aí quando no lanço da correnteza enorme do rio tudo rola o perigoso, aqueles corpos de bichos mortos e paus-de-árvore descendo — de espanto de esbarro. E nunca falou mais palavra, com pessoa alguma. Nós, também, não falávamos mais nele. Só se pensava. Não, de nosso pai não se podia ter esquecimento; e, se, por um pouco, a gente fazia que esquecia, era só para se despertar de novo, de repente, com a memória, no passo de outros sobressaltos.Minha irmã se casou; nossa mãe não quis festa. A gente imaginava nele, quando se comia uma comida mais gostosa; assim como, no gasalhado da noite, no desamparo dessas noites de muita chuva, fria, forte, nosso pai só com a mão e uma cabaça para ir esvaziando a canoa da água do temporal. Às vezes, algum conhecido nosso achava que eu ia ficando mais parecido com nosso pai. Mas eu sabia que ele agora virara cabeludo, barbudo, de unhas grandes, mal e magro, ficado preto de sol e dos pêlos, com o aspecto de bicho, conforme quase nu, mesmo dispondo das peças de roupas que a gente de tempos em tempos fornecia.Nem queria saber de nós; não tinha afeto? Mas, por afeto mesmo, de respeito, sempre que às vezes me louvavam, por causa de algum meu bom procedimento, eu falava: — "Foi pai que um dia me ensinou a fazer assim..."; o que não era o certo, exato; mas, que era mentira por verdade. Sendo que, se ele não se lembrava mais, nem queria saber da gente, por que, então, não subia ou descia o rio, para outras paragens, longe, no não-encontrável? Só ele soubesse. Mas minha irmã teve menino, ela mesma entestou que queria mostrar para ele o neto. Viemos, todos, no barranco, foi num dia bonito, minha irmã de vestido branco, que tinha sido o do casamento, ela erguia nos braços a criancinha, o marido dela segurou, para defender os dois, o guarda-sol. A gente chamou, esperou. Nosso pai não apareceu. Minha irmã chorou, nós todos aí choramos, abraçados.Minha irmã se mudou, com o marido, para longe daqui. Meu irmão resolveu e se foi, para uma cidade. Os tempos mudavam, no devagar depressa dos tempos. Nossa mãe terminou indo também, de uma vez, residir com minha irmã, ela estava envelhecida. Eu fiquei aqui, de resto. Eu nunca podia querer me casar. Eu permaneci, com as bagagens da vida. Nosso pai carecia de mim, eu sei — na vagação, no rio no ermo — sem dar razão de seu feito. Seja que, quando eu quis mesmo saber, e firme indaguei, me diz-que-disseram: que constava que nosso pai, alguma vez, tivesse revelado a explicação, ao homem que para ele aprontara a canoa. Mas, agora, esse homem já tinha morrido, ninguém soubesse, fizesse recordação, de nada mais. Só as falsas conversas, sem senso, como por ocasião, no começo, na vinda das primeiras cheias do rio, com chuvas que não estiavam, todos temeram o fim-do-mundo, diziam: que nosso pai fosse o avisado que nem Noé, que, por tanto, a canoa ele tinha antecipado; pois agora me entrelembro. Meu pai, eu não podia malsinar. E apontavam já em mim uns primeiros cabelos brancos.Sou homem de tristes palavras. De que era que eu tinha tanta, tanta culpa? Se o meu pai, sempre fazendo ausência: e o rio-rio-rio, o rio — pondo perpétuo. Eu sofria já o começo de velhice — esta vida era só o demoramento. Eu mesmo tinha achaques, ânsias, cá de baixo, cansaços, perrenguice de reumatismo. E ele? Por quê? Devia de padecer demais. De tão idoso, não ia, mais dia menos dia, fraquejar do vigor, deixar que a canoa emborcasse, ou que bubuiasse sem pulso, na levada do rio, para se despenhar horas abaixo, em tororoma e no tombo da cachoeira, brava, com o fervimento e morte. Apertava o coração. Ele estava lá, sem a minha tranqüilidade. Sou o culpado do que nem sei, de dor em aberto, no meu foro. Soubesse — se as coisas fossem outras. E fui tomando idéia.Sem fazer véspera. Sou doido? Não. Na nossa casa, a palavra doido não se falava, nunca mais se falou, os anos todos, não se condenava ninguém de doido. Ninguém é doido. Ou, então, todos. Só fiz, que fui lá. Com um lenço, para o aceno ser mais. Eu estava muito no meu sentido. Esperei. Ao por fim, ele apareceu, aí e lá, o vulto. Estava ali, sentado à popa. Estava ali, de grito. Chamei, umas quantas vezes. E falei, o que me urgia, jurado e declarado, tive que reforçar a voz: — "Pai, o senhor está velho, já fez o seu tanto... Agora, o senhor vem, não carece mais... O senhor vem, e eu, agora mesmo, quando que seja, a ambas vontades, eu tomo o seu lugar, do senhor, na canoa!..." E, assim dizendo, meu coração bateu no compasso do mais certo.Ele me escutou. Ficou em pé. Manejou remo n'água, proava para cá, concordado. E eu tremi, profundo, de repente: porque, antes, ele tinha levantado o braço e feito um saudar de gesto — o primeiro, depois de tamanhos anos decorridos! E eu não podia... Por pavor, arrepiados os cabelos, corri, fugi, me tirei de lá, num procedimento desatinado. Porquanto que ele me pareceu vir: da parte de além. E estou pedindo, pedindo, pedindo um perdão.Sofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei que ninguém soube mais dele. Sou homem, depois desse falimento? Sou o que não foi, o que vai ficar calado. Sei que agora é tarde, e temo abreviar com a vida, nos rasos do mundo. Mas, então, ao menos, que, no artigo da morte, peguem em mim, e me depositem também numa canoinha de nada, nessa água que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio.

Texto extraído do livro "Primeiras Estórias", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1988, pág. 32, cuja compra e leitura recomendamos.

livre, portanto......

sozinha em casa.
de férias: dos pais, das irmãs e do trabalho.
livre, portanto:
* joguei o colchão na sala, afastei as coisas e adivinha? treinei rolamento, os taegulks e tentei treinar samboderion;
* li os livros do augusto cury e coisas da martha, do quintana, do pessoa e do rosa;
* fiz jejuns: controlei o meu corpo e minha língua;
* fui à missa;
* assisti 88 minutos com o maravilhoso do al pacino;
* assisti o senhor dos anéis e o retorno do rei e quase termineir de assistir as 02 torres;
* fui na carminha;
* encontrei a laine;
* pensei no fer e sonhei o meu futuro com ele;
* fiz churrasco com toda a galera;
* fiquei de pijama as férias inteira;
* chorei sozinha em casa;
* orei mais;
* saí em missão;
* senti saudades da liliane (pra variar, né);
* conversei com a nilzinha;
* níver da carminha;
* despedida do cesimar;
* tristeza pelo cesimar;
* treino na academia;
* vontades que vem do nada...

***

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

sobre perdas...

perdas acontece na vida da gente, não adianta fingir.
algumas são boas e achamos que são ruins....
outras são ruins e achamos que são boas... mas só Deus sabe o que faz...

perdi uma pessoinha que conheci no natal... é, o cesimar.
cesimar, gente fina, lindo por dentro e por fora...
pessoa que voce fazia questão de ter por perto...
nos conhecemos na carminha numa comemoração e nos despedimos também na carminha em outra comemorção.

Deus sabe o que faz... nós que muitas vezes (quase sempre) queremos tomar a direção das nossas vidas.

Cesimar... fique na paz e olhe por nós aí do alto!!!!